Os samurais eram os guerreiros do Japão feudal (Período de 1185 à 1867, cerca de 700 anos). A palavra samurai vem do verbo Saburai, que significa “aquele que serve ao senhor”.
Inicialmente, os samurais eram apenas coletores de impostos e servidores civis do império. Era preciso homens fortes e qualificados para estabelecer a ordem e se necessário, ir contra a vontade dos camponeses. Posteriormente no século X, estes guerreiros foram destacados para serem guardiões da corte imperial, em Kyoto e como membros de milícias particulares dos senhores provinciais. Nessa época, qualquer cidadão poderia tornar-se um samurai. Este cidadão por sua vez, teria que se alistar nas artes militares, manter uma reputação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um daimyo (título dado ao senhor feudal, chefe de um distrito) prestando-lhes serviços com total lealdade, mas enquanto isso não acontecia, esses samurais, eram chamados de ronin. Em troca de seus serviços, estes recebiam privilégios (terras e/ou pagamentos), que geralmente eram efetuados em arroz, numa medida denominada koku (200 litros).
A relação de suserania e vassalagem era muito semelhante à da Europa medieval, entre os senhores feudais e os seus cavaleiros. Entretanto, o que mais difere o samurai de quaisquer outros guerreiros da antiguidade é o seu modo de encarar a vida e seu peculiar código de honra e ética.
E assim foi até o xogunato dos Tokugawa (iniciado em 1603), quando a classe dos samurais passou a ser uma casta (camada social hereditária e endógama, cujos membros pertencem à mesma etnia, profissão ou religião). A partir deste momento, o título de “samurai” começou a ser passado de pai para filho.
Ao se tornar um bushi (guerreiro samurai), o cidadão e sua família ganhavam o privilégio do sobrenome. Além disso, os samurais tinham o direito e o dever de portar um par de espadas à cintura. O daishô era composto por uma espada pequena (wakizashi), cuja lâmina tinha aproximadamente 40 cm, e uma grande (katana), com lâmina de 60 cm.
Todos os samurais dominavam o Kyudo (arco e flechas). Alguns usavam também bastões, lanças e outras armas mais exóticas.
Alguns senhores feudais foram aumentando o seu poder de combate treinando guerreiros primeiro para proteger suas terras da invasão alheia, depois para conquistar novas terras. Esses senhores rurais se tornaram funcionários de kokushi (espécie de governador), administradores rurais ou guardiões das terras, recebendo títulos de nobreza mais baixas. Eles passaram a liderar grupos de guerreiros.
Entre os nobres mandados para o interior como kokushi, surgiram aqueles que preferiram permanecer no campo, mesmo após o término do seu mandato, já que não havia perspectiva de uma vida melhor na capital. Alguns destes nobres optaram pela vida rural, onde se tornavam líderes de grupos samurais, iniciando, dessa forma, a criação dos clãs.
A criança samurai
Todo samurai considera ponto de honra ele próprio cuidar da educação de seus filhos, com a indispensável ajuda de sua esposa. A educação que a criança recebe por seus pais tem por finalidade moldar suas almas com os princípios da classe guerreira, tais quais: lealdade e devoção ao senhor, coragem, auto-disciplina e destemor da morte, para que assim os filhos do samurai se tornem dignos de seu nome.
Desde os 5 anos de idade as crianças já aprendem a manejar o arco-e-flecha atirando contra alvos ou em caçadas, sob a orientação paterna. Posteriormente treinam também a equitação – indispensável ao bom samurai.
A educação possuía 2 ramos essenciais:
A escrita chinesa e conhecimento de clássicos japoneses e chineses e o manejo de armas.
Shakuhashi Aos 10 anos de idade, a criança ficava durante 4 ou 5 anos recebendo educação intensiva. Isso consistia no treinamento da caligrafia, matérias gerais e exercícios físicos. A noite era reservada para a poesia e a música (os samurais tocavam o shakuhachi, a flauta de bambu japonesa).
A leitura consistia em crônicas de guerra, história antiga, coleções de máximas, etc., todos destinados a moldar uma mentalidade marcial no jovem samurai.
Aos 15 anos, o samurai é reconhecido como adulto. Nessa idade ele passa pela cerimônia do gempuku, através da qual é confirmada sua nova condição adulta. A partir daí ele passa a portar também duas espadas de verdade à cintura e tem de obedecer ao bushidô (código de honra). Há também uma mudança em sua aparência, tanto no penteado como na forma de vestir-se.
O casamento
O casamento era mais uma união de interesses do que uma união amorosa. Muitas vezes o casamento era arranjado pelos pais, mas com o consentimento dos jovens. Segundo velhos costumes, muitas vezes as preliminares eram confiadas a um intermediário.
No caso da mulher do samurai ser estéril, o marido tem por direito uma segunda esposa, para que esta possa lhe dar descendentes. A partir do século XV esse costume vai desaparecendo, prevalecendo assim a monogamia. É importante ressaltar também que o homossexualismo era prática considerada normal entre os samurais, apesar de não haver casamentos entre eles.
Sucessão
Por tradição, o herdeiro do samurai tende a ser o seu filho primogênito. Entretanto isso não chega a ser regra, pois o mais importante para o samurai é escolher o filho mais apto a ser bom guerreiro, e a defender o nome de sua família. Na ausência de um herdeiro homem, ou se o samurai achar que nenhum de seus filhos é digno de honrar o nome de sua família, ele pode recorre à adoção (chamada yôshi), geralmente de um parente ou genro.
O processo de adoção surge da necessidade primordial do samurai de encontrar um herdeiro capaz de honrar e cultuar os seus antepassados, e proteger o nome e as posses de sua família contra eventuais rivais. O herdeiro tem por função sustentar seus irmãos e irmãs, que se tornam seus dependentes após a morte de seu pai.
A mulher do samurai
Na classe dos bushi, a mulher ocupa importantes funções, apesar de não possuir autoridade absoluta. Tem de cuidar da cozinha e das roupas de todos os membros da casa. Outra função importante era a educação das crianças, era de sua obrigação instruí-los sobre os ideais da classe samurai e princípios básicos do budismo e confucionismo. Toda a educação dos filhos era supervisionada pelo marido.
Quando o samurai não se encontrava em casa, o que acontecia com freqüência, a mulher assumia o controle do lar. Isso incluía, além dos trabalhos domésticos, a defesa do lar. Em tempos de guerra, se a casa do samurai fosse atacada, a mulher tinha por função defendê-la com as próprias mãos, usando uma espécie de espada denominada naginata ou atiravam com arcos.
A mulher também tinha de servir ao seu marido, sendo fiel e compenetrada em suas funções. Além de tudo isto, elas não se esqueciam de sua feminilidade e vaidade. Cuidavam muito de sua aparência, gostavam de manter a pele clara, arrancam sobrancelhas, vestiam-se com luxo e usavam cosméticos, tais qual o batom e o pó-de-arroz. Também era hábito das mulheres casadas pintarem os dentes de preto.
A limpeza da honra – Sepukku
Ao serem derrotados no campo de batalha, estes cometiam o sepukku, popularmente chamado de harakiri (cortar a barriga ou cortar o estômago) a fim de evitar ser feito prisioneiro em campos de batalha, pois era considerada imensa desonra entre os samurais se render ao adversário, eles preferiam renunciar à vida a se entregarem para seus inimigos. Além disso, se render não era uma escolha muito agradável, pois os prisioneiros eram geralmente torturados e maltratados. Estes guerreiros também realizavam o sepukku como castigo para recuperar a sua honra, quando esta fosse perdida por alguma atitude indigna; Em um ato de pura lealdade, o samurai poderia chegar a se matar para chamar a atenção de seu senhor tentando adverti-lo sobre algo de errado que ele estivesse fazendo. Alguns samurais também se suicidavam ao ver o declínio dos seus senhores, ou quando estes morriam, eles se suicidavam como forma de acompanhá-los eternamente para seguir a doutrina de que um samurai não serve a mais de um daimyo em sua vida. O primeiro sepukku registrado na história data de 1170, quando Minamoto Tametomo, suicida-se após perder uma batalha contra o clã dos Taira.O samurai que se submeteria ao sepukku se banhava para purificar o seu corpo e a sua alma, dirigia-se ao local de execução e se sentava na posição seiza (forma japonesa tradicional de se sentar sobre os calcanhares). Pegava então sua wakizashi (espada curta) ou um punhal e perfurava o lado esquerdo do abdômen, cortando a região central do corpo e terminava por puxar a lâmina para cima. O corte era realizado na região do abdômen porque este a região era considerada o centro do corpo, das emoções e do espírito. O samurai também escrevia um poema de morte, uma pequena composição poética onde o deixava registradas as suas últimas impressões do mundo, algum desejo oculto ou simplesmente uma despedida formal.
A morte por sepukku era lenta e dolorosa, e podia levar horas. Apesar disso, o samurai devia demonstrar total autocontrole diante das testemunhas que assistiam o ritual, não podendo dar sinais de dor ou medo.
Ao lado do suicida ficava um amigo ou parente, o kaishakunin, que portava uma espada. Se o samurai demonstrava não estar mais suportando a dor, este lhe dava o golpe de misericórdia, decepando sua cabeça.
Seria considerada imensa falta de respeito se a cabeça do samurai rolasse diante de seus parentes, que geralmente também assistiam à execução. Por causa disso o kaishakunin devia acertar o pescoço do samurai de modo a deixar a sua cabeça pendendo, para que esta não fosse degolada. Assim, este devia ser um exímio espadachim. Esta era uma função considerada honrosa.
O campo de batalha
A morte, nos campos de batalha, quase sempre era acompanhada de decapitação. A cabeça do derrotado era tida como um troféu além de ser uma prova de que ele realmente fora derrotado. Samurais que matavam grandes generais eram fartamente recompensados pelos seus senhores, que lhe davam terras e mais privilégios.
Outros dotes dos samurais
Enganam-se aqueles que avaliam os samurais apenas como guerreiros rudes e de hábitos grosseiros, os samurais destacaram-se também pela grande variedade de habilidades que apresentaram fora de combate. Eles também praticavam as artes como kendo (esgrima), a alfabetização era parte obrigatória do currículo, muitos eram excelentes poetas, calígrafos, pintores e escultores. Algumas formas de artes como o Ikebana (arte dos arranjos florais) e a Chanoyu (arte do chá) eram também consideradas artes marciais, pois treinavam a mente e as mãos do samurai.
(Fonte: Grupo Jishin – http://www.jishin.lemacsi.com.br/samurais.html)
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